Raimund Hoghe

Raimund Hoghe
Raimund Hoghe

Raimund Hoghe: um corpo diferente no topo das artes performativas

Dança para portadores de necessidades especiais

Os portadores de deficiência ou cidadãos com qualquer tipo de necessidade especial continuam, no século XXI, a ter visibilidade diminuta na sociedade e no topo das áreas a que se dedicam. Mas há muito quem se destaque, por mérito próprio, e acrescente enormes valias à sociedade.

É o caso de Raimund Hoghe, coreógrafo, intérprete de dança e escritor, que transporta desde nascença uma deficiência grave na coluna, uma bossa que carrega nas costas e o deforma, por causa de um parto difícil e ausência de medicação adequada, numa Alemanha do pós-guerra, marcada por conflitos e violência. Essa diferença deixou-lhe sequelas irreparáveis. No entanto, o criador ultrapassou absolutamente o que poderia ser visto como uma limitação total na dança contemporânea.

Raimund Hoghe nasceu em Wuppertal, na Alemanha, em 1949. Antes de se tornar dramaturgo e escritor, e depois, coreógrafo e intérprete, Raimund Hoghe costumava escrever retratos, tanto de pessoas famosas como de desconhecidos, que eram publicados no jornal Die Zeit.

Hoghe nasceu na mesma cidade onde a coreógrafa mundialmente reconhecida, Pina Bausch, mantinha a sua companhia e, entre 1980 e 1990, tornou-se dramaturgo de Bausch, no Tanztheater Wuppertal.

A partir de1989 lança-se numa carreira a solo, em nome próprio como coreógrafo e intérprete, que dura até hoje. Começou então a criar peças para atores e bailarinos e, em 1994, atuou pela primeira vez num solo que criou para si: ‘Meinwärts’. Alguns espectadores e críticos, à época, sentiram-se incomodados quando Hoghe se despiu em palco, exibindo a sua ‘deformação’, reação que Hoghe questionou e que continuou a impulsionar a sua obra: o que é que as pessoas não querem ver e a forma como fogem da sua fragilidade.

Entre outras marcas do seu trabalho, como a forte ligação à música, Hoghe quis trazer para cena corpos não convencionais, questionando o lugar do corpo, do medo e da vulnerabilidade humana. «Para mim a perfeição é quando as pessoas estão confortáveis com o seu corpo, seja ele como for», afirmou. O teatro foi o lugar eleito por este criador, tanto para o confronto com os outros, como para a possibilidade de encontro entre todos.

Com um corpo que não faz parte dos cânones da dança, Hoghe explica que decidiu lançar-se à interpretação motivado pela frase de Pier Paolo Pasolini «atirar o corpo para a luta»: decidiu fazê-lo não como uma terapia, mas para mostrar que era possível ‘uma história diferente’. O artista fala de outras fontes de inspiração, como a realidade que o rodeia, o tempo em que vive, a sua memória da história, das pessoas, imagens, sensações e a força e beleza da música, bem como o confronto com o próprio corpo, que não responde aos ideais convencionais de beleza. «Ver os corpos que se desviam da norma no palco é importante – não só em relação à História, mas também em relação ao desenvolvimento atual que leva o homem à condição de objeto de design», disse.

A sua própria diferença física levou-o a questionar o que é encarado como «normal» e procurar indivíduos e situações únicas, como matéria para as suas criações.

O criador, que começou por escrever sobre personalidades ‘endeusadas’, querendo dar-lhes a sua dimensão humana e real, afirmou em várias entrevistas que queria inscrever o corpo no princípio e no fim de todas as ações, querendo também que a coreografia não fosse uma metáfora distante do corpo concreto e da vida real que está em palco.

A par dos livros que tem publicado, traduzidos em muitas línguas, Hoghe passou os últimos 25 anos a criar um corpo de trabalho coreográfico reflexivo e político, alternando solos para alguns dos seus músicos favoritos ou figuras como Joseph Schmidt, Judy Garland ou Maria Callas; e apresentações em grupo (Lago dos Cisnes, A Sagração – O Rito da Primavera e outros) que revisitam obras fundamentais da história da dança.

Entre os prémios e distinções artísticos que foi sempre recebendo ao longo dos anos, em 2019, Raimund Hoghe recebeu o título de Oficial da Ordem das Artes e Letras do Ministro da Cultura francês, uma das mais altas distinções de mérito cultural na Europa e no Mundo.

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