O aumento considerável da população idosa nas últimas décadas, associado a uma maior esperança de vida, ressalta a necessidade de mudança ao nível das práticas de atividades de lazer, com vista a manter os idosos ativos e proporcionar-lhes um envelhecimento bem-sucedido. Neste sentido, têm vindo a ser desenvolvidas respostas específicas ao nível das atividades de educação, formação, lazer e recreação, que visam uma maior qualidade de vida para os idosos, combatendo a desmotivação e o isolamento.
A prática e o desenvolvimento destas atividades têm vindo a revelar-se de extrema importância por amenizarem os efeitos resultantes do processo de envelhecimento. Existe, portanto, a necessidade de manter os idosos ativos e socialmente integrados através da realização de atividades que proporcionem a ocupação dos tempos livres de modo útil, formativo e agradável e que são cruciais para a manutenção da sua saúde física e mental.
O envelhecimento ativo e a qualidade de vida
Um aspeto intrinsecamente associado à visão de envelhecimento ativo é a qualidade de vida da pessoa idosa. Segundo a Organização Mundial de Saúde, (OMS), à medida que um indivíduo envelhece, a sua qualidade de vida é fortemente influenciada pela sua habilidade de manter a autonomia e a independência. A OMS salienta ainda a amplitude do conceito de qualidade de vida, pois este incorpora de uma forma complexa a saúde física do indivíduo, o seu estado psicológico, o seu nível de dependência, as suas relações sociais, as suas crenças e a relação com as características do contexto onde está inserido.
Estimular a mente, através da experiência de sensações que envolvam os sentidos, tem-se revelado ser uma das melhores formas de manter os idosos ativos e garantir um envelhecimento saudável, atuando de forma positiva em áreas como a memória, a concentração, a atenção, a linguagem, o pensamento e as capacidades visuais e espaciais. Desenvolver estas tarefas promove a autonomia e independência dos idosos e, consequentemente, a sua autoestima, o que permite melhorias no estado geral de saúde dos mesmos.
Como fazer na prática?
Organizamos os exercícios, particularmente importantes para manter os idosos ativos, em 4 tipos: para além de físico, o exercício deve ser também intelectual, social e emocional e é a sua constância que apoia a saúde e a qualidade de vida.
Atividades físicas:
O exercício físico deve estar integrado na nossa vida até ser possível, bem como uma dieta equilibrada e boa hidratação:
- Caminhada: para além do exercício em si, é uma boa forma de promover o convívio social na 3ª idade, sendo que o isolamento é um dos principais fatores de declínio nesta faixa etária. Melhora o ritmo cardíaco e fortificam os músculos e articulações. Deve começar por distâncias curtas e ir aumentando a distância ao longo dos dias de caminhada, consoante as suas capacidades físicas. É muito importante fazer alongamentos após as caminhadas, para evitar lesões.
- Natação e hidroginástica: são dos exercícios físicos mais completos para a terceira idade, até porque tem pouco impacto na coluna. Aliviam as dores causadas pela artrite e diminui o risco de doenças como a diabetes ou a hipertensão. Os músculos são trabalhados na água o que promove o relaxamento das articulações, alivia dores e desenvolve a força e a resistência corporal;
- Andar de bicicleta: esta é uma boa opção de exercício físico para idosos que tenham a sua saúde estável, e que o tenham feito ao longo da vida, porque ajuda a fortalecer as articulações das pernas e do abdómen e ajuda também a aliviar as dores provocadas pela artrite.
- Alongamentos: são muito importantes para melhorar a amplitude de movimentos e ajudam a diminuir a rigidez das articulações e músculos, são excelentes para evitar lesões.
- Yoga: alia a força ao equilíbrio, ajuda a aumentar a flexibilidade corporal e a postura, além de ajudar a tonificar os músculos e a relaxar as articulações.
- Pilates: ajuda a estimular a circulação e, tal como no yoga, melhora a flexibilidade e o equilíbrio. Para além disso melhora a postura e alivia o stress.
Atividades intelectuais, sociais e emocionais:
- Ler e escrever diariamente;
- Jogar cartas, montar puzzles, fazer jogos de memória, palavras cruzadas, jogos numéricos, xadrez, trabalhos manuais, tricot, etc.;
- Aprender a usar a internet, descobrindo novas aplicações, programas e funcionalidades;
- Aprender novas atividades, como dança, teatro, fotografia ou tocar um instrumento musical;
- Manter encontros regulares com família;
- Manter contacto com amigos/vizinhos e fomentar atividades em grupo;
- Frequentar clubes, associações ou universidade sénior;
- Ir ao cinema, teatro ou integrar-se em programas culturais e artísticos sénior;
- Participar de eventos e ações de voluntariado;
Em conclusão:
É essencial estimular, com regularidade, os 4 exercícios de que falámos: físico, intelectual, social e emocional. O isolamento é um dos grandes sinais precoces de velhice frágil. Cuidar da saúde emocional traz um novo significado à vida, reduz o impacto das doenças mentais e contribui para ampliar a felicidade nesta faixa etária.
A presente pandemia veio acentuar muito o isolamento da população sénior, o que precariza a sua saúde e esperança de vida.
Ao fomentar o envelhecimento ativo, torna-se possível que cada idoso possa alcançar o seu potencial máximo e viver com tanta qualidade de vida quanto possível.
É fundamental conceder o máximo de dignidade aos mais velhos, valorizando a sabedoria que agregam e o papel significativo que desempenham em prol da sociedade.
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