

Cuidados de Proteção Solar na 3ª Idade
Golpes de calor, proteção solar e vitamina D: defenda-se no verão
A estação quente traz, pela sua natureza e altas temperaturas, desafios acrescidos para a população sénior e seus cuidadores.
A capacidade de regulação fisiológica que ocorre nos jovens adultos quando são expostos a temperaturas elevadas ou baixas diminui à medida que ocorre o processo de envelhecimento, promovendo uma diminuição da resposta do idoso às temperaturas extremas. Esta disfunção resulta na incapacidade de adaptação ao chamado ‘stress térmico’, sendo que os idosos desidratam com facilidade. Temperaturas acima do normal induzem uma redução da quantidade de água intravascular por sudação.
Na atualidade, as mudanças climáticas mundiais, caracterizadas por grandes variações de temperatura que atingem picos, anormalmente altos e baixos, induzem um aumento da taxa de mortalidade nos idosos devido a disfunções cardiovasculares, entre outras. Estas questões tornam-se agora particularmente relevantes.
Qual a população mais atingida pelo calor?
- Pessoas com antecedentes clínicos de problemas renais;
- Pessoas com antecedentes clínicos de problemas respiratórios;
- Pessoas com excesso de peso;
- Pessoas com problemas cardiorrespiratórios;
- Pessoas medicadas com medicamentos diuréticos que podem causar e agravar uma desidratação;
Pessoas com demências devem ser especialmente monitorizadas, porque devido à natureza da doença podem ignorar sintomas como a desidratação e a temperatura corporal excessiva. Também utentes seniores com diabetes têm menos sensibilidade ao calor e poderão ignorar estes sintomas.
Este fenómeno ocorre quando o sistema de controlo de temperatura do corpo deixa de trabalhar, e por isso, deixa de produzir suor para equilibrar o arrefecimento do corpo.
Os seus principais sintomas são a pele seca e vermelha, pulsação rápida, tonturas, náuseas, perda total ou parcial da consciência e elevada temperatura corporal.
Se ocorrer uma situação destas , deverá:
- Levar a pessoa para um local fresco;
• Colocar toalhas húmidas no corpo da pessoa;
• Elevar a cabeça;
• Pedir auxílio médico;
Cuidados a ter em vagas de calor:
- Geralmente, a população sénior apresenta mais relutância em beber líquidos, pelo que devem ser incentivados a tal. Deve beber diariamente pelo menos 1 litro e meio de água, infusões de ervas, refrescos sem açúcar ou sopas;
- Esteja frequentemente com a pessoa e, caso não seja possível, peça a um vizinho, a um familiar ou a um serviço de apoio domiciliário para monitorizar o seu estado;
- Deve manter-se dentro de casa ou em locais frescos ou com ar condicionado ou ventoinhas, controlando o nível de frio. Se tiver de sair à rua nas horas de maior calor, proteja-se com um chapéu ou lenço;
- Em casa, durante o dia (e sem ar condicionado), abra as janelas e mantenha as persianas fechadas, de modo a permitir a circulação de ar. Durante a noite abra bem as janelas para que o ar circule e a casa arrefeça;
- A roupa deve ser leve, de algodão e de cores claras. Evitar usar vestuário com fibras ou lã, pois provocam muita transpiração, podendo levar à desidratação;
- Deve evitar-se estar de pé durante muito tempo, especialmente em filas e ao sol;
- Se for à praia/campo, faça-o nas primeiras horas da manhã ou ao fim do dia. Mantenha-se à sombra, use chapéu, óculos escuros e cremes de proteção solar;
- Viaje de preferência a horas de menos calor e leve sempre consigo água ou outros líquidos em quantidades suficientes. A menos que o transporte tenha ar condicionado, nunca viaje com as janelas totalmente fechadas;
- Evite qualquer atividade que exija esforço físico;
- As refeições devem ser ligeiras (sopas frias ou tépidas, saladas, legumes e hortaliças cozidas e fruta da época; evitando comida processada, picante ou álcool). Deve comer-se poucas quantidades, mas várias vezes ao dia;
É mesmo preciso usar creme de proteção solar?
É sabido que a exposição solar pode causar graves problemas de saúde, sobretudo se não acompanhada de medidas preventivas.
Para além das regras universais, como evitar exposição solar direta entre as 12 e as 16h, os protetores são a forma mais eficaz de proteção solar.
Se os protetores solares forem corretamente usados poderão constituir uma proteção para o eritema, cancro e fotoenvelhecimento.
Todos os protetores têm um Fator de Proteção Solar – FPS associado e obrigatório, para que se escolha o fator certo para cada tipo de pele. O FPS contabiliza a capacidade do produto em proteger da radiação UVB (mais ligada à queimadura solar, porque atinge sobretudo as camadas mais superficiais da pele). De um modo geral, o FPS indica-nos o tempo de resistência da pele à exposição solar com proteção solar, relativamente ao tempo de exposição da pele sem proteção solar. Por exemplo se, em valores aproximados, a pele leva 10 minutos a ficar vermelha sem proteção solar e 300 minutos com proteção solar, o FPS do protetor é 30 (300/10).
A proteção contra raios UVA (mais associados ao envelhecimento da pele e ao aparecimento de cancro, porque penetram em camadas mais profundas da pele) é indicada na embalagem, sendo que a maioria protege a pele da radiação UVA e UVB.
A radiação solar é a principal causa de cancro da pele entre os portugueses. Em Portugal ocorrem dez mil novos casos de cancro da pele por ano, entre eles mil melanomas, a forma mais agressiva.
Classificação do FPS:
- 6 e 10 – Proteção baixa
- 15 e 25 – Proteção média
- 30 e 50 – Proteção elevada
- Superior a 50 – Proteção muito elevada
Devemos também lembrar que não existem cremes totalmente à prova de água (e deve ser reposto), embora existam alguns que resistem um pouco mais do que outros.
Devemos usar proteção nas atividades de exterior sempre, nomeadamente nos meses quentes, mesmo para um simples passeio ou caminhada curta.
Vitamina D: um bálsamo para a saúde dos ossos
A vitamina D é única entre as vitaminas, pois funciona como uma hormona, e pode ser sintetizada na pele a partir da exposição à luz solar. Esta vitamina é um micronutriente que influencia a absorção de cálcio no organismo e é essencial para a mineralização dos ossos ou para a função muscular.
O cálcio é importante para a manutenção do equilíbrio metabólico, para a transmissão de impulsos nervosos, a coagulação sanguínea e outros processos celulares. A vitamina D também estimula a absorção de fósforo e de magnésio e favorece as células do sistema imunitário. Ajuda ao crescimento normal de ossos e dentes, e está ainda associada à diminuição do risco de desenvolver doenças infeciosas, gripe sazonal, depressão, redução do peso e patologias cardíacas.
Uma das principais consequências da falta de vitamina D, em casos graves, está ligada aos ossos: podem surgir deformações ósseas que conhecemos como raquitismo (nas crianças) ou osteomalacia (nos adultos), osteoporose, entre várias outras apontadas nos estudos. As faltas mais graves estão ainda associadas a problemas coronários ou até à esclerose múltipla.
A falta desta vitamina, na maioria dos casos, não apresenta sintomas, e a escassez é, normalmente, leve a moderada.
Fontes de vitamina D:
- É produzida na pele durante a exposição ao sol;
- Ovos;
- Peixes gordos: sardinha, cavala, salmão;
- Cogumelos, leveduras ou alimentos fortificados com vitamina D (ex.: bebida de soja);
- Leite e derivados;
Iscas de fígado; - Óleo de fígado de bacalhau.
Devemos expor-nos ao sol?
Expor-se moderadamente à luz solar – 10 a 15 minutos diários de exposição do rosto, braços e/ou pernas, consegue fornecer quantidades suficientes de vitamina D ao nosso organismo.
Atenção: isto não quer dizer que opte por se expor diretamente ao sol nas horas de maior intensidade solar e salte o uso de protetor solar, sobretudo durante os meses de verão, sempre que a exposição solar é prolongada ou se pertence a algum grupo mais vulnerável, por idade ou qualquer patologia específica.
A exposição solar insuficiente, devido, por exemplo, a uma vida mais sedentária e menos ao ar livre, regimes alimentares com menor quantidade de vitamina D e pele mais escura, são hoje as principais causas de défice de vitamina D.
Fatores de risco de défice de Vitamina D:
- Idade ou gravidez (crianças e grávidas precisam de maior quantidade de vitamina D);
- Medicação (nomeadamente a toma de corticoides);
- Passar muito tempo em ambientes fechados (idosos institucionalizados, por exemplo);
- Pele escura;
- Excesso de peso ou obesidade;
- Viver em locais que estão longe do equador.
As pessoas mais morenas ou de pele negra são aquelas com menor produção de vitamina D, porque a melanina dificulta a sua produção, assim como as pessoas com um estilo de vida sedentário, constantemente em ambientes fechados como a casa, o carro, o escritório ou o centro comercial, e que têm pouca ou nenhuma exposição solar. Quem tem problemas de peso excessivo ou obesidade também pode ter défice, uma vez que esta hormona fica retida nas células adiposas.
No caso de pessoas com exposição solar muito limitada (ex.: quando internadas em cuidados continuados de longa duração) ou com problemas de absorção intestinal, a necessidade de fazer análises e recorrer à suplementação deverá ser analisada pelo médico.
A partir dos 65 anos a capacidade de síntese da vitamina D pela pele é de apenas 25% face à de um jovem adulto saudável, pelo que a Organização Mundial de Saúde aconselha suplementação.
Por isso, aproveite o verão mas conheça sempre os riscos associados e cuidados necessários.
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