Nuno Vitorino é um atleta português, com um percurso extraordinário. Campeão de natação e de surf, a sua vida mudou quando, depois de um acidente com uma arma de fogo numa brincadeira com um amigo, ficou tetraplégico quando tinha 18 anos.
Do acidente à natação e ao surf
À época do acidente, Nuno Vitorino entrou numa piscina como etapa do processo de reabilitação. Mas acabou por chegar à seleção nacional de natação adaptada. Tornou-se no quarto melhor atleta do mundo na sua especialidade e participou nos Jogos Paralímpicos de Atenas, em 2004.
Poucos anos mais tarde, em 2009, a frequentar a praia de Carcavelos, sentiu o ‘chamamento’ do surf, e criou a Surf Addict, uma associação destinada a promover o Surf Adaptado que contribuiu para o desenvolvimento de uma modalidade que estava então ainda a dar os primeiros passos no mundo. Em outubro de 2020, em Inglaterra, venceu mais um título com as cores de Portugal, ao vencer o campeonato britânico de surf adaptado.
O processo de recuperação
Nuno Vitorino teve dois anos difíceis de reabilitação. Confessa que teve de fazer o luto, renascendo para a esperança, já que a sua lesão lhe permitiu recuperar algum movimento de braços no Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão.
Depois de uma conversa fundamental na sua vida com uma médica que lhe disse para apostar tudo nos braços, em 1998, teria uma outra conversa marcante. Voltou às piscinas como forma de recuperação, e um treinador perguntou-lhe se queria fazer cócegas à água, ou queria, de facto, ser um grande atleta. A partir daí integrou a seleção nacional de natação adaptada, e tornou-se, na altura, o quarto melhor atleta do mundo.
Nova modalidade e nova associação
“Os meus amigos desafiaram-me a fundar a Associação Portuguesa de Surf Adaptado e abrimos o surf a todas as pessoas com deficiência. Foi um pouco por tentativa e erro, porque no mundo também ainda havia pouca coisa. Fomos conversando com o Brasil, Costa Rica, EUA para perceber como podíamos trabalhar o surf adaptado e levar pessoas com deficiência para dentro da água”, conta Vitorino sobre a sua façanha empreendedora. Um dos próximos passos a dar, é contribuir para a elevação do surf adaptado a modalidade olímpica, o que acredita que acontecerá daqui a uma década.
“As pessoas aprendem mais pelos exemplos, do que propriamente pelas palavras”, explica Vitorino. O atleta vê esta sua ideia como inspiradora para os outros, mostrando o seu lema de vida que é focar-se totalmente na possibilidade, e não na impossibilidade.
“Acho que o meu principal legado, e aquilo que me faz todos os dias acordar com um sorriso, é perceber que a associação por mim fundada e que tem agora mais gente a trabalhar para ela, faz a diferença na vida de outras pessoas. E saber que o surf se tornou num desporto democrático, que é para todos”, refere.
Paixão: o mais importante para vencer
Apesar das dificuldades e dos poucos apoios financeiros, o atleta admite que o mais importante é sempre a paixão pelo desporto. A diferença não está no treino, mas está em querer mais: «e eu sou um atleta que tem sempre fome, tenho sempre fome de ganhar», explica nas muitas entrevistas que dá sobre o seu percurso desportivo e de vida.
O segredo para enfrentar todas as ondas
Nuno Vitorino conta como, para si, o segredo é simples. “É a sociedade. Temos tantas barreiras que, muitas vezes, para nós competir acaba por ser a parte mais simples. Tenho que subir degraus, tenho a calçada portuguesa, tenho de escolher um restaurante a pensar se vou ou não conseguir entrar lá, ou estacionar perto. Tudo isto vai criando barreiras, sejam físicas ou mentais, que como imaginam também são muitas. Portanto competir, para nós, atletas de alta competição, é o mais fácil. Não estamos num país e numa sociedade tão inclusiva como a de outros países”, diz o atleta. Acredita que a sociedade tem de evoluir, mas que as pessoas com deficiência têm também, e cada vez mais, de fazer ouvir a sua voz.
Um caminho profissional completo
Para além dos treinos, e da dedicação à associação, Nuno trabalha na Câmara Municipal de Lisboa, dá aulas na Universidade Lusófona e na Escola Superior de Desporto de Rio Maior e é frequentemente convidado a participar em palestras. Dá aulas a futuros treinadores, de várias modalidades e capacita treinadores para poderem trabalhar com atletas com deficiência.
Nesta fase de final de carreira como atleta, e depois de já ter sido o 3º do mundo, em 2018, e o 1º da Europa, em 2019, Nuno Vitorino, cuja principal medalha é a associação que fundou, quer ainda ser o próximo campeão do mundo de surf adaptado. Não é um sonho, diz. É um objetivo real e cumprível, possivelmente já para 2022.
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