O Dia Mundial do Acidente Vascular Cerebral (AVC), que se assinala a 29 de outubro, tem como principal objetivo alertar a população para os sintomas do AVC e procedimentos a tomar. Não podíamos deixar de o referir porque há milhares de famílias e cuidadores a lidar com problemas e sequelas decorrentes desta e de outras doenças cardiovasculares.
O AVC, é uma das principais causas de morte em Portugal, mas, neste dia que assinala a luta contra a doença, é preciso frisar que é também um tipo de patologia para a qual existem medidas de combate muito concretas que nos permitem mudar esta realidade. A prevenção do AVC é possível e passa, em grande parte, pela adoção de um estilo de vida saudável e de uma vigilância médica periódica.
As doenças cardiovasculares
As patologias cardiovasculares (DCV) afetam o sistema circulatório, ou seja, o coração e os vasos sanguíneos (artérias, veias e vasos capilares).
Estas doenças são de vários tipos, sendo as mais preocupantes a doença das artérias coronárias e a doença das artérias do cérebro. Quase todas são provocadas por aterosclerose, ou seja, pelo depósito de placas de gordura e cálcio no interior das artérias que dificultam a circulação sanguínea nos órgãos e podem mesmo chegar a impedi-la. Quando a aterosclerose aparece nas artérias coronárias, pode causar sintomas e doenças como a angina de peito, ou provocar um enfarte do miocárdio. Quando se desenvolve nas artérias do cérebro, pode originar sintomas como, por exemplo, alterações de memória, tonturas ou causar um acidente vascular cerebral (AVC).
Mudar…mas como?
É importante pensar que algumas modificações no estilo de vida podem ajudar a baixar a pressão arterial e reduzir o risco de doença. Para além da medição da pressão arterial, apoio médico e tratamento com fármacos se necessário, o maior contributo para fugir à doença está numa dieta equilibrada e saudável, com muitos hortícolas e frutas, na manutenção de peso saudável, em fazer atividade física regular e em reduzir o sal e evitar o álcool e o tabaco.
Como podemos definir o AVC?
O acidente vascular cerebral (AVC) resulta de diferentes fenómenos que afetam a circulação cerebral, provocando alteração do funcionamento cerebral, seja por:
- Obstrução do fluxo sanguíneo (AVC isquémico);
- Rutura de uma artéria intracraniana (AVC hemorrágico).
Conhece os 5 sinais de alerta?
- Face: O rosto pode parecer assimétrico, com um dos cantos da boca e/ou as pálpebras descaídas. Estes sinais podem ser mais evidentes se a pessoa tentar sorrir;
- Força: Pode haver falta de força ou sensação de dormência num dos braços ou pernas;
- Fala: Por vezes, notam-se alterações na fala (exemplo: fala arrastada);
- Falta de visão repentina;
- Forte dor de cabeça.
O que fazer perante suspeita de um episódio agudo?
Não deve ficar à espera que os sintomas passem ou chamar o médico a casa. Se um dos lados da face está descaído; a boca está “ao lado”; um dos braços cai, sem força ou há dificuldade em falar chame o 112 o mais rapidamente possível e não se esqueça de registar a hora, de forma a poder indicar quando o AVC teve início: do número de horas que tiverem passado sobre a ocorrência vai depender o tipo de tratamento ministrado. Mantenha a calma, para responder às perguntas que forem colocadas.
Os principais fatores de risco no AVC são:
- Hipertensão arterial;
- Tabagismo;
- Diabetes;
- Colesterol elevado;
- Excesso de peso;
- Sedentarismo
- Consumo excessivo de bebidas alcoólicas;
- Fibrilhação auricular (arritmia cardíaca crónica);
- Apneia do sono.
Os AVC são mais frequentes nos doentes que têm uma pressão arterial elevada. Mais um fator que podemos controlar, medindo regularmente a pressão arterial e, de preferência, registá-la em local acessível. O telemóvel é, para muitos, uma ferramenta valiosa e já existem aplicações que permitem registar a pressão arterial, fazer o seu gráfico e vigiá-la.
Como medir?
Se for à farmácia ou outro local adequado, e para que a medição seja o mais correta possível, lembre-se:
- faça-a de forma relaxada, e em repouso;
- não fume antes da medição;
- não tome café antes da medição;
- não esteja com a bexiga cheia;
- não meça logo após esforço físico ou refeição.
Uma única medição da pressão arterial com valores alterados não é suficiente para fazer o diagnóstico e estabelecer um quadro clínico. A pressão arterial terá de ser observada ao longo de semanas, notando as alterações. À parte da vigilância de rotina, qualquer pico de pressão arterial alta dever ser imediatamente observado por profissionais de saúde e devidamente controlado. O quadro clínico de cada utente é distinto e tem de ser sempre avaliado caso a caso. Se tem dúvidas, a farmácia pode ajudá-lo, podendo medir a pressão arterial regularmente em muitas delas. A aposta num estilo de vida saudável, como forma de prevenção, é sempre o melhor caminho.
Boas formas de prevenção do AVC são:
- meça regularmente a sua pressão arterial;
- faça uma dieta equilibrada, com muitos vegetais (metade do seu prato) e fruta;
- se o seu médico lhe receitar medicação para baixar a pressão arterial, tome de acordo com as indicações;
- mantenha um peso saudável, de acordo com a sua altura;
- faça atividade física, pelo menos 30 minutos por dia;
- não fume e evite o álcool;
- corte no sal e evite produtos alimentares com muito sal, tais com batatas fritas, produtos de charcutaria e alimentos preparados ou processados;
- procure os produtos sem adição de sal e açúcar;
- se costuma comer fora com frequência, escolha bem. Prefira ingredientes frescos e preparados com pouca gordura ou molhos. Evite gordura saturada e trans, preferindo a gordura saudável dos peixes gordos, azeite, abacate ou frutos secos);
- quando ler os rótulos tome nota dos seguintes ingredientes que são outros termos utilizados para sal: “cloreto de sódio”, “sódio”, MSG (Monoglutarato de sódio) ou “Na” (símbolo químico do sódio). Lembre-se que molhos como o de soja contêm muito sal.
- mantenha um peso saudável para a sua altura. Controle o peso tendo, em média, um Índice de Massa Corporal < 140/90 mm Hg *;
- tenha o colesterol < 190 mg/dL e colesterol LDL < 115 mg/dL*;
- mantenha uma glicemia (‘açúcar no sangue’) normal (glicemia em jejum < 100mg/dL)*;
- evite o stress excessivo;
* valores recomendados para adultos sem fatores de risco; para quem tem 1 ou mais, os valores recomendados são mais baixos.
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